“Eis-me
novamente na boa terra. E desta vez, como das outras, com a emoção do
palhocense, cujo amor ao chão natal à distância e o tempo só fazem crescer.
Amor ao município do nascimento é também amor à sua gente.”
Ivo
Silveira quando paraninfo dos formandos da EEBGov. Ivo Silveira, 1996. In
PEREIRA, Moacir. Ivo Silveira: Um Depoimento.
Florianópolis: Insular, 1998.
Ivo Silveira nasceu na cidade de
Palhoça, no estado de Santa Catarina, no dia 26 de março de 1918. Filho de uma
família humilde – o pai Vicente Silveira
de Souza Júnior e a mãe Lídia Sanseverino Silveira, teve cinco irmãos. Casou-se
em 1944 com Zilda Lucchi, com quem teve quatro filhos.
Fez seu estudo primário na antiga
Escola Alemã Concórdia. Com seu fechamento, transferiu-se para Grupo Escolar
Venceslau Bueno, onde concluiu seus estudos em 1934. Bacharelou-se em Direito
pela Faculdade de Direito de Santa Catarina, em 22 de dezembro de 1945, cujo paraninfo
foi o Governador Nereu Ramos.
Ivo Silveira, quando questionado
em entrevista concedida a Moacir Pereira sobre as vitórias alcançadas nas urnas
em Palhoça, respondeu: “... represento os
interesses do povo. Os eleitores conhecem minha família e minha vida. Não tinha
dinheiro para comprar voto de ninguém, nunca participei de corrupção, tinha uma
ficha totalmente limpa”.
De acordo com o Diário
Catarinense, no encarte “Governadores de Santa Catarina”, do dia 25 de novembro
de 1993, Ivo Silveira, durante o seu primeiro mandato de deputado estadual
(1950-1954), por não ter dinheiro para comprar um carro, usava ônibus para se
deslocar de Palhoça, onde residiu até 1966, quando se elegeu governador. Para
não ter sua imagem de político prejudicada pelo excesso de poeira, usava um
guarda-pó branco que tirava na alfaiataria do amigo Jaime Abraham, na capital.
Biografia
profissional e política
·
1940:
Adjunto do Promotor Público da comarca de Palhoça e contador da Prefeitura Municipal.
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1946:
Nomeado prefeito de Palhoça; Adjunto da delegacia de Ordem Política e Social; consultor
jurídico adjunto do Estado.
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1947:
Eleito prefeito de Palhoça pelo Partido Social Democrata (PSD). Sua principal
obra fora o abastecimento e distribuição de água potável pela Adutora de Pilões.
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1951-1955:
Eleito deputado estadual para segunda legislatura da Assembleia Legislativa do
Estado de Santa Catarina (ALESC).
·
1954:
Reeleito para ALESC, pelo PSD.
·
1958:
Reeleito para ALESC, pelo PSD – 3ª legislatura, com 6.328 votos.
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1964:
Eleito presidente da ALESC.
·
1965:
Eleito pela 3ª vez para a mesa diretora da ALESC.
·
1965:
Eleito Governador do Estado de Santa Catarina, pela coligação de 2 grandes
partidos: PSD e PTB, com o slogan de campanha: “na desordem, ninguém produz”.
·
1965:
Cassação de seu vice Francisco Dall’Igna. Isso levou Ivo Silveira a ter que
governar com seus adversários, dada à situação do bipartidarismo – a ARENA
conjugou pessoas ligadas ao PSD e UDN.
·
1966-1971:
Posse como último governador eleito pelo voto direto, antes do Golpe de 1964.
·
1971: Conselheiro
do Tribunal de Contas do Estado. Aposenta-se dois anos depois.
·
1974:
Tenta eleição ao Senado, mas não se elege.
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1982: Secretário
dos Negócios da Fazenda, na transição entre os governos Jorge Bornhausen e
Henrique Córdova. Seu último cargo público.
Destaques
e obras do Governo Ivo Silveira, 1966-1971:
·
A
agricultura catarinense cresceu 19%, sendo a média do crescimento brasileiro do
setor 6%.
·
Em
1969, o Produto Interno Bruto (PIB) catarinense era de 16,9%, enquanto o crescimento
do PIB nacional era 9% e o da América Latina 6,4%.
·
A
ponte Hercílio Luz recebeu uma camada de asfalto.
·
Iniciaram-se
os estudos para construção da segunda ponte ligando a ilha ao continente.
·
Pavimentação
asfáltica de diversas vias públicas.
·
Criação
da Escola de Polícia, reorganizando o sistema de Segurança Pública do Estado.
·
Fundação
da Caixa Econômica Estadual em 1969.
·
Transferência
da sede do governo do Estado para São Miguel do Oeste (1969), por curtos
períodos.
·
Conclusão
de todas as obras iniciadas pelo antecessor Celso Ramos.
·
Início
da construção – e inauguração da atual sede da Assembléia Legislativa, pois a
anterior havia sido destruída por um incêndio em 1956.
·
Implantação
da Escola da Polícia Militar.
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Criação
do Centro Hemoterápico.
·
Construção
da Avenida Rubens de Arruda Ramos, na Capital, que depois foi ampliada pelo
governador Jorge Bornhausen e transformada em Avenida Beira Mar Norte.
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Criação
do Manicômio Público e implantação do Laboratório Central de Saúde Pública.
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Criação
do Instituto Superior de Pesca em convênio com a UFSC.
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Criação
da ACARESC, órgão que presta assistência ao homem do campo.
·
Em
1969, instituiu o Plano Estadual de Educação – pioneiro no Brasil – que
resultou na construção de 3.500 salas de aula.
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Início
das obras da ponte Colombo Salles.
·
Construção
da última usina hidrelétrica do Estado, a de Campos Novos.
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Criação
e implantação da Companhia de Telecomunicações de Santa Catarina (Cotesc), que
deu origem à Telesc.
·
Construção
dos prédios da Imprensa Oficial, dentre outras ações.
Ivo
Silveira faleceu
no início da madrugada de 2 de agosto de 2007, uma quinta-feira, aos 89 anos. O
governador Luiz Henrique da Silveira decretou luto oficial por três dias no
Estado. O corpo foi velado na Assembléia Legislativa, de onde saiu em direção
ao Cemitério Municipal de Palhoça, em virtude de homenagens que forão prestadas
ao ex-governador.
“Ivo Silveira
deixa o exemplo daquele que cuidou da causa pública, nunca cuidou da causa
privada. Isso é que é fundamental. O político não deve ter como objetivo o
lucro pecuniário, mas o lucro do serviço prestado à causa pública e o
resultado. O seu capital é a credibilidade.”
Luiz Henrique da Silveira (PMDB),
governador do Estado na época.
“Uma das
grandes figuras da vida pública de Santa Catarina. Deixou um legado de um homem
de bem, de um político muito hábil e de um administrador que a história vai
fazer justiça. Porque o seu governo modificou totalmente o perfil industrial do
Estado.” Jorge Bornhausen
(DEM), ex-governador.
“Uma
unanimidade rara na política. Ele foi um político brilhante, iluminado. Uma
frase sobre ele que diz tudo é: Ivo Silveira foi um homem sem medo de fazer o
bem e sem a coragem para fazer o mal.”
Esperidião Amin (PP),
ex-governador.
A contribuição de Ivo Silveira à educação
foi um marco na vida do homem público. Criou no município de Palhoça quatro
instituições de ensino: EEB Maria Tereza (Ponte do Imaruim); EEF Renato Ramos da
Silva (Barra do Aririú); EEF Vicente Silveira (Passa Vinte); e EEB João
Silveira (Aririú). Além de muitas outras escolas pelo Estado afora.
Ao ser questionado sobre o papel
do homem público, afirmara:
“Eu acho que na vida pública, para você
votar num cidadão, é preciso analisar a trajetória da sua vida. Porque a vida
pública é uma exposição diária, você é uma pessoa pública, automaticamente
representa um seguimento da sociedade e deve explicações dos seus atos a esse
seguimento. O homem público deve de ter uma conduta séria. E deve ser sereno.
Porque a serenidade não quer dizer submissão. O poder é passageiro, eu já
ocupei todas as posições neste Estado Catarinense. Hoje, eu estou aqui, em
minha terra, sem nenhuma posição, sem nenhuma missão. Sou apenas o Sr. Ivo
Silveira” (Ivo
Silveira).
Dr. Ivo Silveira ocupou todas as
posições na política pública no estado de Santa Catarina. Conquistou seu espaço
político, disputando sempre em sua terra e saindo vitorioso em todas as
disputas.
Esta pesquisa é uma homenagem
póstuma que a comunidade escolar da Escola
de Educação Básica Governador Ivo Silveira presta a este tão renomado
palhocense que muito honrou nossa terra e a quem somos gratos, por tudo!
Pesquisa realizada pelos Professores:
Haroldo Garcia & Mirian Aguiar.
Palhoça, 5 de Novembro de 2008